A dura vida de uma ironwife

Reportagem do site Ativo essa foi sugestão!!

Um jantar acompanhado de um vinho, uma balada de vez em quando, um tranquilo passeio num domingo de manhã, enfim, coisas simples que podem estar na rotina da maioria dos casais, mas, não na vida de uma "Ironwife", nome popular (entre triatletas) dado àquela que se casou com um, digamos, mais do que apaixonado por triathlon. Quem conta as peripécias e as durezas de uma ironwife é Fernanda Haybittle, cujo marido, Roger Haybittle, vai disputar três Ironmans, somente neste ano.
Com uma vida conjunta de 13 anos e um filho de nove, Tom, Fernanda conta que seu "martírio" de ironwife começou no mesmo ano de nascimento do seu filho. "Em 2000, meu marido teve um problema de hérnia de disco que o deixou praticamente sem andar, e 2002 seria o ano em que ele completaria seu 40º aniversário. Na época, ele disse que se conseguisse se recuperar faria um Ironman, e eu nunca tinha ouvido falar em Ironman", conta Fernanda. "Pois ele se recuperou, e não só fez um Ironman como também a Maratona de Nova Iorque e o Rally dos Sertões. E nasceu nosso filho. O Tom nasceu junto com o Ironman". Começava aí a jornada de Fernanda para tentar compreender a nova paixão/obsessão do marido pelo triathlon.
"Meu marido é um Ironman. Isso para muita gente pode não significar absolutamente nada – afinal, o triathlon não é um esporte super divulgado no país do futebol, e nem sua prova mais importante disputada por aqui, o Ironman Brasil, é transmitido ao vivo nem tem cobertura on line, a não ser da própria organização. Já para quem circula no mundo esportivo, isso é muita coisa. Os Ironmans têm mesmo aura de super-heróis, de imbatíveis, indestrutíveis… O Ironman é a Gisele Bündchen das modelos, a Fernanda Montenegro das atrizes, o Maradona dos Argentinos. Mas, dentro de casa, a coisa é bem menos glamorosa do que parece, mas nem por isso deixa de ter sua graça", escreveu Fernanda em seu blog, onde postou recentemente um longo, mas divertido, depoimento sobre o tema.
O problema de conviver com um obcecado por esportes é que a vida gira em torno de treinos e provas, como narrou Fernanda no blog. "Ele é um cara esportivo, acompanha e curte várias modalidades, tem uma seleção natural para o esporte. Eu já comecei e parei várias modalidades, hoje jogo tênis e gosto muito, mas, é uma relação normal com a atividade esportiva, não me privo de todas as outras coisas", diz Fernanda, que resolveu colocar seu longo depoimentono blog por sugestão dos amigos triatletas do marido, que querem encontrar uma "ironwife" como ela. "Mas já avise que com a minha paciência não deve existir", brinca Fernanda, lembrando que o casamento foi marcado para abril porque era um mês que não tinha prova de Triathlon. "Não foi porque eu achei a data bacana, tudo gira em torno do Triathlon".
"A minha vida familiar passou a se dividir entre os “treinos antes da prova/ as provas-treino/ a prova/ a gripe após a prova/ e o recomeço dos treinos pra prova do próximo ano”. Todos os dias, ele acorda no meio da madrugada para pedalar. Depois, musculação. À noite, natação e corrida...", narrou no blog. Roger treina com a BK Sports, de Kim Cordeiro, técnico dos atletas ativo.
Somente neste ano, Roger está inscrito em três Ironmans, o do Brasil em Florianópolis, em maio, e na Áustria e Alemanha, em julho. Contudo, Fernanda diz que as viagens são a parte bacana do processo. "Meu filho conhece muitos lugares e eu acho isso muito legal. Eu digo que as provas que envolvem passaporte eu vou".
Outro capítulo importante na vida de uma ironwife é a renúncia com relação à decoração e as funcionalidades da casa. "Minha casa é de triatleta. Na entrada há um escritório belíssimo, onde ficam as bikes, pois elas não podem pegar sereno nem pó. O escritório extra que temos é um depósito de coisas de triathlon, com caixas de medalha, números de provas, aliás, ele tem número de prova pregado até no espelho do banheiro!".
Entretanto, Fernanda também tem sua cota de culpa na "Ironcasa". Ela mandou recortar uma pedra mineira com o símbolo do Ironman e colocou no jardim. "Eu não detono totalmente a vida de triatleta", brinca.
Fernanda agora se prepara emocionalmente para os próximos capítulos de sua vida de ironwife. Em 2012, Roger completará 50 anos e já avisou à esposa que pretende escalar o Kilimanjaro. "Já estou sofrendo por antecipação. Este ano ele me deu um presente belíssimo para me deixar feliz, pois disse que eu teria um ano muito difícil. Ele sabe que é um fardo para a família. Mas simplesmente o esporte é algo inegociável", diz resignada.