domingo, 2 de janeiro de 2011

Contra o relógio SIM, escravo do relógio NÃO


Uma conversa comum entre corredores antes de uma largada é: Vai fazer pra quanto? A resposta depende do otimismo/pessimismo do perguntado, de sua segurança em relação ao seu condicionamento ou de sua experiência.

Naturalmente que é interessante se ter uma meta ao se inscrever em uma corrida, mas é necessário não fazer disso um objetivo rígido, por mais que a aspiração em questão tenha por base fatos concretos. Ou seja, mesmo que treinos recentes ou até a participação em uma prova apresentem resultados que levem a se imaginar conseguir determinada marca na competição, é importante não considerar esse número como algo atingível. Poderá ser mais, poderá ser menos. Deixe seu corpo dizer a "verdade" no dia!

Não é inteligente entrar numa prova com determinada marca na cabeça, definida pelo próprio corredor, pelo treinador ou por uma revista. O resultado em questão pode até ser uma referência, mas se durante a competição constata-se estar "no dia", então é ir em frente e talvez até conseguir o recorde pessoal na distância. Por outro lado, ao sentir que por alguma razão não se está rendendo como previsto, o melhor a fazer é seguir em frente e deixar para outro dia a obtenção de uma grande marca. Por mais que a pessoa tenha garra, não é possível ir contra o próprio corpo, exigir dele o que ele não está em condições de dar naquele dia.
As razões para bons e maus dias vão desde as características da própria competição (boa ou não organização - especialmente abastecimento, percurso com ou sem subidas e descidas, temperatura no dia, muita gente, dificultando ultrapassagens etc) até as condições físicas do corredor: estar ou não bem descansado no dia, ter treinado adequadamente, não estar passando por problema médico, que por vezes ainda não se constatou etc.
Dessa maneira, a postura rígida em relação a um resultado que se deseja fazer pode tanto inibir a obtenção de uma boa marca como forçar um corredor a fazer mais do que está em condições naquele momento. E isto é muito comum em nossas provas, com corredores dizendo "estou bem, mas no limite do meu ritmo e vou segurar..." ou "estou passando os quilômetros acima do previsto e tenho que me esforçar". A primeira situação é a mais corriqueira, sendo que por vezes o limitador é o monitor de freqüência cardíaca, excelente ferramenta em treinos, mas que em uma prova pode mais atrapalhar que ajudar, ao se estabelecer um bpm (batimentos por minuto) máximo, aquém do que a pessoa poderia correr.
Assim, da próxima vez que você entrar numa prova, deixe seu corpo lhe dizer como está naquele dia. Se você começar a passar os quilômetros mais rápido do que esperava, e estiver se sentindo muito bem, vá firme para um grande resultado. Mas se as marcas de quilômetro demorarem para chegar, então desligue o relógio-cronômetro e siga para a chegada, numa boa.
Matéria da revista contra relógio

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